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Estávamos no final de 2006 quando pela primeira vez ouvimos falar de Amy Winehouse. Em outubro daquele ano, a londrina lançava "Back To Black", o álbum que ficaria para a história da pop da última década como casa dos êxitos "Rehab", "You Know I'm No Good", "Tears Dry on Their Own" ou "Love is a Losing Game". Com ele se iniciou uma tendência que, até hoje, ainda não estancou - a da soul-pop retro no femininino - e com ele se criou, também, uma estrela como já não estávamos habituados a ter por perto. Franzina e aparentemente espontânea, com um visual que de imediato se tornou icônico, Amy tinha apenas 23 anos quando aquela voz forte e singular, ajudada por canções cheias de carisma e apelo pop, tornaram a sua cara famosa em todo o mundo. 

Nascida a 14 de setembro de 1983, Amy não se estreou, contudo, com "Back To Black". Para trás ficara já "Frank", a estreia mais convencional, ainda sem a mão de Mark Ronson na produção, e cujo título se ficou a dever à admiração da cantora por Frank Sinatra. Filha de uma família judia - pai taxista e mãe farmacêntica - Amy afirmava, nas poucas entrevistas que deu, que a religião não desempenhava um papel importante na sua vida, apesar de valorizar os rituais que lhe permitiam passar mais tempo com os pais. Quando se tornou extremamente popular, e quando os primeiros problemas se tornaram públicos, o pai saiu muitas vezes em sua defesa, na imprensa inglesa, funcionando como um "escudo" da filha. 
 
Mitch Winehouse chegou mesmo a pedir aos fornecedores de "crack" que deixassem de vender droga a Amy, lembrando que, na sequência de lhe ter sido diagnosticado um enfisema pulmonar, a vida da cantora seria posta em risco caso ela não deixasse de consumir entorpecentes e até de fumar. 
 
Comparar entrevistas de Amy Winehouse em promoção de "Frank" e assistir à sua progressiva deterioração, fruto do vício em álcool e drogas pesadas, é como ver duas pessoas distintas. Em "Back To Black", e mercê também de um casamento tempestuoso com Blake Fielder-Civil, Amy surgia como uma figura extremamente magra, com uma "colmeia" de cabelo desalinhado e uma aparência cada vez menos saudável - uma mistura das girls groups dos anos 60 e do heroin chic dos anos 90. 
 
Quantas mais notícias escandalosas surgiam envolvendo Amy, contudo, mais "Back To Black" prosperava nos topes de venda. O segundo disco da inglesa chegou mesmo a brilhar no Grammy, ganhando o prêmio de Álbum do Ano e consolidando assim algo que muitas vezes escapa aos artistas britânicos: o sucesso no mercado norte-americano. 
 
O futuro podia ter sido brilhante para a mulher que, em 2008, cambaleou e sussurrou frente a 90 mil pessoas, no Rock In Rio Lisboa. Mas as notícias de que estaria trabalhando num disco novo e mesmo a turnê sucumbiram perante a falta de força que evidenciou no primeiro concerto da tour: em Belgrado, mostrou tanto desnorte no palco que os jornais locais consideraram aquele espetáculo o pior da história do país. Há quem garanta que Amy não queria entrar em palco, quem diga que tudo foi feito para manter a bebida longe dos camarins e quartos de hotel da cantora. Mas, perante as evidências, os seus representantes acabaram por cancelar a turnê e prometer que dariam a Amy "o tempo que fosse necessário" para que ela recuperasse a sua saúde. Poderia demorar anos, dizia-se. 
 
Quando Amy morreu, o seu pai, que entretanto lançara também um disco, encontrava-se a caminho de Nova Iorque, para atuar num festival jazz. Apesar do desejo de ter filhos - "Sei que tenho talento, mas não fui feita para cantar. Fui feita para ser esposa e mãe e olhar pelos meus filhos", disse em entrevista - Amy não deixa filhos. 
 
A última aparição pública de Miss Winehouse foi na passada semana, no Festival iTunes, em Londres, apoiando a sua afilhada Dionne Bromfield, de apenas 15 anos, no palco, e convidando o público a comprar o disco da adolescente. 
 
A mulher cuja mãe contava, na biografia da filha, nunca ter sido "uma criança fácil", morreu hoje, 23 de julho de 2011, aos 27 anos.  A música perdurará, para quem a saiba e queira estimar - mais do que Amy, possivelmente nem sempre rodeada dos amigos mais íntimos, se estimou a si mesma. (Blitz) 

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